QUEM FOI ESSE IRMÃO DE LUZ?
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu no Estado do Ceará, na então Freguesia do Riacho do Sangue (atual cidade de Jaguaretama) em 29 de agosto de 1831.
Um missionário cuja tarefa seria a de preparar a sociedade brasileira para acolher a semente do Espiritismo.
Desde estudante, o itinerário de Bezerra de Menezes foi muito significativo.
Em 1838, no interior do Ceará, conheceu as primeiras letras, na escola da Vila do Frade.
Em apenas dez meses de aulas, encontrava-se à altura do saber de seu mestre.
Em 1842, então com onze anos de idade e já na Serra dos Martins, no Rio Grande do Norte, para onde se transferiu com a família, por motivo de perseguições políticas contra seu pai, aprendeu latim em dois anos, a ponto de substituir o professor.
Bezerra queria tornar-se médico, mas o pai, que enfrentava dificuldades financeiras, não podia custear-lhe os estudos.
Em 1851, aos 19 anos, tomou ele a iniciativa de ir para o Rio de Janeiro, a então capital do Império, a fim de cursar medicina, levando consigo a importância de 400 mil réis, que os parentes lhe deram para ajudar na viagem.
No Rio de Janeiro, ingressou, em 1852, como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia.
Para poder estudar, dava aula de filosofia e matemática.
Em 1856, aos 25 anos de idade, doutorou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Em 6 de novembro de 1858, casou-se com a Sra. Maria Cândida de Lacerda, que desencarnou no início de 1863, deixando-lhe um casal de filhos.
Dr. Bezerra de Menezes é um espírito muito evoluído e, assim, um grande trabalhador de Jesus.
Responsável pela unificação do Movimento Espírita no Brasil, é figura singular do Espiritismo e, no mundo espiritual, permanece trabalhando, abnegadamente e de modo incessante, pela felicidade de todos nós.
Eleito Vereador Municipal pelo Partido Liberal, em 1861, teve sua eleição impugnada sob a alegação de ser médico militar.
Em 1867 foi eleito Deputado Geral, tendo ainda figurado numa lista tríplice para uma carreira no Senado.
Quando político, levantaram-se contra ele desferindo rude campanha de injúria e cobrindo seu nome de impropérios.
Entretanto ele deu prova da pureza de sua alma, quando deliberou abandonar a vida pública e dedicar-se aos pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía.
Corria sempre ao casebre do pobre onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da sua profissão de médico e o auxílio da sua bolsa minguada e generosa.
PRIMEIRO CONTATO COM A DOUTRINA
O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de “O Livro dos Espíritos”.
Logo que esse livro saiu do prelo, levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando-o com dedicatória.
O episódio foi descrito do seguinte modo pelo Médico dos Pobres:
“Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca. Uma hora de viagem de bonde! Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto… Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia, mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!… Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava em “O Livro dos Espíritos”. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença.”.
Contribuíram também, para torná-lo um adepto consciente, as extraordinárias curas que ele conseguiu para si próprio, em 1882, do famoso médium receitista João Gonçalves do Nascimento.
INICIA DAS PUBLICAÇÕES DE ARTIGOS ESPÍRITAS
Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico, quer pelas réplicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de Propaganda da União Espírita do Brasil incumbiu Bezerra de Menezes de escrever aos domingos, no jornal “O Paiz” , tradicional órgão da imprensa brasileira, dirigido por Quintino Bocayuva, uma série de artigos sob o título “O Espiritismo – Estudos Filosóficos”.
Os artigos de Max , pseudônimo de Bezerra de Menezes, marcaram uma época de ouro da propaganda espírita no Brasil.
Esses artigos foram publicados, ininterruptamente, de 1886 a 1893.
No dia 16 de agosto de 1886, um auditório de cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade enchia a sala de honra da Guarda Velha, na rua da Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, para ouvir em silêncio, com emoção e atônitos, a palavra sábia do eminente político, do eminente médico, do eminente cidadão, do eminente católico, Dr. Bezerra de Menezes, que proclamava a sua decidida conversão ao Espiritismo.
Bezerra de Menezes tinha o encargo de médico como verdadeiro sacerdócio.
Por isso, dizia:
“Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate a porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com o que pagar a receita, ou diz a quem chora a porta que procure outro, esse não é medico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse é um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espírito, a única que jamais se perdera nos vais-e-vens da vida.”.
DA PARTICIPAÇÃO NA FEB AO DESENCARNE
No ano de 1883, reinava um ambiente francamente dispersivo no seio do Espiritismo no Brasil e, os que dirigiam os núcleos espíritas do Rio de Janeiro, sentiam a necessidade de uma união mais estreita e indestrutível.
Os Centros Espíritas, onde se ministrava a Doutrina, trabalhavam de forma autônoma.
Cada um deles exercia sua atividade, em um determinado setor, despreocupado em conhecer as atividades dos demais.
Esse estado de coisas levou-os à fundação da Federação Espírita Brasileira (FEB).
Fundada a FEB, em 1884, Bezerra de Menezes não quis inscrever-se entre os fundadores, embora fosse amigo de todos os diretores e, sobremaneira, admirado por eles.
Mais tarde, em 1889, tornar-se-ia Presidente da FEB.
Nessa época já existiam muitas sociedades espíritas.
Porém as únicas que mantinham a hegemonia eram quatro:
a Acadêmica;
a Fraternidade;
a União Espírita do Brasil e
a Federação Espírita Brasileira.
Entretanto logo surgiram, entre elas, rivalidades e discórdias.
Sob os auspícios de Bezerra de Menezes e acatando importantes instruções dadas por Allan Kardec, através do médium Frederico Júnior, foi fundado o famoso Centro Espírita.
Porém, nem por isso deixava de dar a sua cooperação a todas as outras instituições.
O entusiasmo dos espíritas logo se arrefeceu, e o velho seareiro viu-se desamparado dos seus companheiros, chegando a ser o único frequentador do Centro.
A cisão era profunda entre os chamados “místicos” e “científicos”, ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico.
Em 1894, o ambiente demonstrou tendências de melhora e o nome de Bezerra foi lembrado como o único capaz de unificar a família espírita.
O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, reassumiu a presidência da Federação Espírita Brasileira.
Iniciava-se o ano de 1900, e Bezerra de Menezes foi acometido de violento ataque de congestão cerebral, que o prostrou no leito, de onde não mais se levantaria.
Ocorrida a sua desencarnação em 11 de abril de 1900, verdadeira peregrinação demandou à sua residência a fim de prestar-lhe a última visita.
Morreu pobre, embora seu consultório estivesse cheio de uma clientela que nenhum médico queria (de pessoas pobres, sem dinheiro para pagar consultas).
Foi preciso constituir-se uma comissão para angariar donativos visando possibilitar a manutenção da família.
A comissão fora presidida por Quintino Bocaiuva.
Por ocasião de sua morte, assim se pronunciou Léon Denis, um dos maiores discípulos de Kardec:
“Quando tais homens deixam de existir, enluta-se não somente o Brasil, mas os espíritas de todo o mundo.”.
Fontes:
* www.espiritismogi.com.br/biografias/bezerra.htm
* http://www.espiritismobrasil.com/biografias-de-icones-do-espiritismo/bezerra-de-menezes-biografia/
* http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/06/Adolfo-Bezerra-de-Menezes.pdf